Manifesto pelo Oeste busca melhorias para a região
Colocar na pauta da sociedade catarinense a questão das deficiências infraestruturais do grande oeste de Santa Catarina. Esse é o objetivo da ACIC com o Manifesto pelo Oeste, assinado em meados de janeiro por importantes entidades empresariais de Santa Catarina. Além da ACIC, assinam o documento o Centro Empresarial (CEC), a Faesc e as vice-presidências regionais da Fiesc, Facisc e Fecomércio.
As entidades reclamam de uma relação de extrema injustiça na qual os impostos arrecadados não retornam em obras e serviços. Apontam que as deficiências de infraestrutura anulam os ganhos de eficiência das empresas e ameaçam o futuro da região.
O presidente da ACIC, Lenoir Broch, faz uma perspectiva histórica. A região levou muito tempo para se integrar territorial e politicamente a Santa Catarina. O Velho Chapecó, município criado em 1917, tinha originalmente área territorial equivalente ao que se tornou, atualmente, as microrregiões do oeste e do extremo-oeste.
Distante da Capital e abandonado à própria sorte, foi incorporado na década de 1940, ao Território Federal do Iguaçu - criado em 1943 por Getúlio Vargas e extinto pela Constituição de 1946. Em 1963, o governador Celso Ramos, impressionado com o isolamento da região, criou a Secretaria dos Negócios do Oeste (SNO) para levar a ação do Estado aos oestinos. A intensa atuação da SNO (extinta em 1992) foi fundamental na oferta sustentada de obras e serviços públicos. Mesmo assim, a região foi palco do movimento pela criação do Estado do Iguaçu nas décadas de 1970/1980, que acabou rejeitado pelo Congresso Nacional.
Portanto, aponta Broch, o Manifesto pelo Oeste não é contra este ou aquele governante. “É a constatação que desde o período de ocupação e colonização de Santa Catarina, o grande oeste tem sido uma região distante do centro do poder, ausente dos programas de investimentos dos Governos Federal e Estadual e com dificuldades para o encaminhamento e atendimento de suas mais legítimas reivindicações”.
Em mais de um século de história, a região aprendeu a equacionar seus problemas sem a presença do Estado. As atividades econômicas instaladas e as cadeias produtivas em operação nas áreas da agropecuária, da indústria, do comércio, dos serviços e, mais recentemente, das empresas de base tecnológica, representam uma extraordinária capacidade de produção, geração de empregos, renda e arrecadação tributária para os cofres do Estado e da União federal.
Porém, conforme cita o Manifesto, os impostos arrecadados não retornam na mesma proporção em obras e serviços. Prova disso é que a região acumulou extremas deficiências e clama por investimentos urgentes em energia elétrica, abastecimento de água, rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, comunicações, centros de pesquisas, hospitais, segurança pública (aumento do efetivo das Polícias Militar e Civil). “Essas deficiências de infraestrutura anulam os ganhos de eficiência e competitividade das empresas em geral e do agronegócio em particular, tornando mais oneroso produzir no oeste”, reforça o presidente da ACIC.
Infraestrutura é a questão central. O documento ressalta que o oeste precisa da duplicação da BR-282, da recuperação da BR-163 e de toda a malha rodoviária estadual, da construção de novos sistemas de suprimento de água, da ampliação e estruturação do Porto Seco de Dionísio Cerqueira, de novas subestações de energia elétrica e novas redes de distribuição, de gasoduto para gás de uso industrial, da qualificação dos aeroportos, do novo centro de pesquisa da Embrapa (para área de pastagens), de mais recursos para a saúde e das ferrovias Norte-Sul (Chapecó-Cascavel, braço da Ferroeste) e Leste-Oeste (São Miguel do Oeste-Itajaí).
“O oeste não aceita mais a condição de território de segunda categoria, abandonado e desvalorizado. É preciso catarinizar o oeste, incorporando-o nas reais prioridades do Governo e da sociedade”, concluem as entidades no Manifesto pelo Oeste.
19/09 • 10h15