Lenoir Broch ressalta necessidades do Oeste e iniciativas da ACIC
A Associação Comercial e Industrial de Chapecó (ACIC) – uma das mais importantes entidades empresariais de Santa Catarina – atua constantemente para o desenvolvimento da região Oeste e, consequentemente, para o crescimento dos negócios. A busca pela construção de ferrovias, melhoria das rodovias, do aeroporto, redução e simplificação dos impostos, investimentos em saúde, educação e segurança estão entre as ações da entidade.
Nesta entrevista, o presidente da ACIC, Lenoir Antonio Broch, discorre sobre iniciativas
da entidade em diversas frentes, buscando defender e representar o empresariado, sem esquecer
de toda a comunidade onde a ACIC e as empresas estão inseridas.
A campanha “Tudo isso é Acic” realça o trabalho da Associação em múltiplas frentes de atuação em defesa do empresariado e da comunidade. O que é mais relevante entre todas essas ações?
Atitude. É imprescindível a ação de indivíduos unidos, voluntariamente, na defesa dos
interesses do Oeste catarinense, para chamar a atenção dos governos e dos líderes políticos
sobre nossas demandas e necessidades. Infraestrutura é a pauta mais relevante e constante. “Catarinizar” é o termo adequado. Mostrar ao País e ao Estado a grandeza na nossa região e
principalmente mostrar aos poderes constituídos a nossa importância. Assim, devemos conquistar
as obras que tanto necessitamos.
Em 75º aniversário a ACIC apresenta-se renovada e com um extenso cardápio de
serviços oferecidos aos seus associados. O que mudou na ação da entidade nessas sete
décadas e meia?
Mudamos a forma de agir e fazer, mas não estamos diferentes nos conceitos e princípios.
Nossa entidade é jovem aos 75 anos. Os sonhos e necessidades são idênticos ao longo dos anos.
Repetimos pautas antigas, sem descuidar, contudo, das pautas atuais e futuras, promovendo a
cultura da inovação, empreendedorismo, responsabilidade social e ambiental, mas acima de tudo
a sobrevivência dos negócios e empresas associadas.
O contundente Manifesto pelo Oeste, lançado no início de sua gestão com o apoio
das principais entidades empresariais de SC, reclama do histórico abandono da região. O
senhor espera um tratamento melhor da futura administração que assumirá o governo de
SC em janeiro próximo?
Esperamos e desejamos. Não nos faltam energia e coragem para cobrar dos futuros
governos a atenção ao que nossa região produz, exporta e consome. Rodovias, ferrovias,
aeroportos, energia, água, comunicação, recursos econômicos a custo razoável são o mínimo que
esperamos de qualquer governo. Precisamos de “Projeto de Estado”, no qual se considere a
infraestrutura como uma ponte para a sobrevivência e uma alavanca para o desenvolvimento em
todos os sentidos. Somos uma múltipla fronteira e nossos negócios com os países vizinhos
deveriam ser amplificados, promovendo uma política de intercâmbio de negócios e até mesmo de
mão de obra cuja fronteira está carente e pode ser aproveitada.
A redução da carga tributária ainda está na pauta da ACIC. O senhor tem esperança
que a próxima Administração Federal tenha coragem, determinação e vontade política para
realizar as reformas estruturantes que o País tanto precisa?
Reformas são sempre uma incógnita. Posso afirmar com toda a segurança que se não
houver um movimento de fato interessado e contundente elas não acontecem. Entendo inclusive
que a reforma política deve vir antes. Precisamos de uma reforma constitucional que permita à
sociedade e aos governos elegerem prioridades de investimento. Há poucos políticos interessados
de fato em reformar o Estado em toda a sua estrutura. Tenho certeza que o Brasil ainda resiste a
tanta incompetência por ser um País saudável e abundante em recursos naturais.
O senhor elegeu a infraestrutura como uma das bandeiras prioritárias de sua gestão
e vem apostando no projeto ferroviário norte-sul. Por que essa obra é tão essencial para o
futuro do oeste de SC?
Infraestrutura é urgente e necessária. Não somente para a região, mas para todo o Estado
catarinense. Ferrovia e rodovia não deveriam ser assuntos a discutir ou defender, mas sim a
realizar. Poderíamos economizar no Oeste até R$ 1,5 bilhão anualmente, somente com a obra da
“Nova Ferroeste”, que compreende o trecho entre Maracaju (MS) e Chapecó. Na realidade, nós
não temos no Estado e no País uma política de dados que dê o mínimo suporte aos mandatários
para que atendam prioridades com base em números ou indicadores de eficácia e eficiência.
Insisto que essa ferrovia é essencial para a manutenção da competitividade dos atuais sujeitos da economia regional até diversificarmos nossa matriz econômica com maior número de atividades. Por outro lado, a questão das rodovias permanece uma deficiência crônica que afeta a competitividade das empresas oestinas?
Deficiência crônica e total abandono da região Oeste ao próprio destino. A necessidade de
indignar-se com “migalhas” é urgente. Agora mesmo temos uma eleição em que antigos políticos
pousam suas cartolas em nossas mesas propondo mágicas antigas. Não mudaremos nosso
destino sem mudarmos os sujeitos do mesmo. O Oeste precisa do reconhecimento pelas suas
receitas, suas competências e vontade de crescer trabalhando.
A ACIC reivindicou melhorias no Aeroporto Serafim Bertaso, de Chapecó. A solução
encontrada, via privatização, satisfez os empresários?
A satisfação deverá vir com o tempo e precisamos compartilhar nosso conhecimento,
experiências e insatisfação. A privatização era uma necessidade quando ocorreu. Agora temos
alguém a quem podemos solicitar as melhorias que entendemos pertinentes e necessárias. Já
estamos fazendo isso, pois temos com quem conversar ou responsabilizar. Nossas demandas
serão discutidas sempre que necessário e esperamos sinceramente, além do atendimento, poder
indicar as necessidades da população que utiliza este aeroporto.
A Mercoagro – uma das maiores exposições-feiras do mundo no segmento da
indústria da carne – voltará a ser editada em 2023? Trará alguma inovação, depois de
quatro anos ausente em razão da pandemia e outros fatores?
Com certeza trará muitas inovações. Novas máquinas, equipamentos e produtos de
excelente qualidade e diversificação. Nossas empresas têm a surpreendente capacidade de
fabricar equipamento de última geração que as qualificam, inclusive, entre as melhores do mundo.
Tenho muito orgulho deste nosso grande oeste empreendedor quando observo o grau de
desenvolvimento tecnológico inovador que nossas empresas alcançaram, principalmente na área
agroindustrial. Temos hoje na nossa região todas as condições de iniciar uma planta frigorífica de
última geração e entregá-la ao mercado.
O planeta encontra-se em crise política, militar, ambiental e econômica com reflexos no cotidiano de todos os empresários, trabalhadores e consumidores. Como é o desafio de presidir uma entidade como a ACIC em um cenário assim?
Temos um norte coletivo. Pessoas comprometidas e apaixonadas pelo que fazem. Pessoas que se dedicam diariamente à causa do associativismo. Digo sempre que somos uma orquestra afinadíssima, compondo uma bela sinfonia. É maravilhoso ser maestro desta obra. É um desafio constante, mas uma extrema honraria girar diariamente a partitura e perceber as notas todas alinhadas e o conjunto da obra. Minha satisfação e alegria residem na diretoria e equipe competentes, dedicados e entusiasmados. Seguramente a ACIC está sendo bem cuidada. É o mínimo que devemos entregar aos nossos associados, razão da nossa missão.
11/10 • 08h44