Helon Rebelatto fala sobre ações da ACIC em 2023
Atuar pela construção da ferrovia, pelas melhorias nas rodovias e investimentos no Hospital Regional do Oeste (HRO), além de defender os interesses dos empresários, oferecer serviços e capacitações aos associados e realizar a Mercoagro são algumas das ações da Associação Comercial e Industrial de Chapecó (ACIC) para 2023. O 1º vice-presidente da entidade, Helon Antonio Rebelatto, discorre sobre os assuntos nesta entrevista, além de avaliar alguns aspectos referentes ao governo federal.
Quais devem ser as principais ações da ACIC neste ano de 2023?
A ferrovia continua sendo a pauta principal, elencada pelo presidente Lenoir Broch. Mas
continuamos dando grande atenção à reforma tributária, duplicação da BR-282 e adequação dos
recursos destinados para o Hospital Regional do Oeste (HRO). Defender os interesses de nossos
associados, dos empreendedores e dos cidadãos de Chapecó e da região Oeste sempre será
nosso objetivo, na área institucional. No operacional, a entidade vem buscando constantemente
oferecer serviços e capacitações que atendam as necessidades de nossos associados. Em 2022,
por exemplo, tiramos do papel o ACIC + Saúde, com parcerias com a Unimed e a Unochapecó,
proporcionando descontos significativos para os associados da entidade. Estamos estruturando
outras ações que trarão ainda mais benefícios. E como “cereja do bolo” temos as iniciativas dos
Núcleos, onde nossos associados participam ativamente da ACIC.
Quais devem ser os novos desafios deste ano para o empresariado em geral em face de conflitos bélicos, inflação e ameaça de recessão no Mundo?
O cenário mundial não é animador neste ano. Tudo indica que veremos uma recessão
mundial, mas o Brasil tem mais uma janela de oportunidade. Nós já estamos saindo da crise
ocasionada pela pandemia, o mundo precisa de comida e os investidores mundiais têm poucas
opções (guerra e retração na Europa, sistema político chinês, etc.). Dependemos de a política e o
governo não nos atrapalharem – não aumentar impostos, não mexer na reforma trabalhista – e
cumprirem seu dever de casa – gastar menos do que arrecadam. Ocorrendo isso, nossas
exportações estarão a todo vapor, o dinheiro estrangeiro estará migrando para cá. Nosso papel é
o de sempre: fazer a “roda girar”.
A ACIC tem criado muitas oportunidades para atrair e qualificar os jovens
empresários, com eventos como o ACIC + Gestão, 20 Minutos etc. Quais são os
resultados dessas iniciativas?
A entidade tem como premissa despertar, estimular e capacitar o espírito empreendedor
dos jovens pelo clichê de que aí está o futuro da ACIC e da região. É clichê, mas não é observado
pelo sistema educacional do Brasil. Não se estimula o empreendedorismo nas escolas, pelo
contrário, se prega a obtenção de um cargo, por concurso, e transmite-se a ideia de que o
empresário é explorador. Essa visão precisa mudar. Todos, professor, servidor público, agricultor,
empresário, médico, advogado, etc. estão no mesmo barco, cada um com o seu papel no
desenvolvimento da nossa sociedade. Diria mais, que eduquemos nossas crianças para serem:
professor empreendedor; servidor público empreendedor; agricultor empreendedor e assim por
diante. Com isso, não quero dizer que esses profissionais tenham seus próprios negócios (pode
ser também), mas que cada um, dentro da profissão que escolher, seja empreendedor, busque
fazer o seu melhor, todo dia, tome iniciativa, crie, implemente mudanças, preste um serviço
melhor. A história mostra: países que incentivam o empreendedorismo se desenvolvem mais, e
isso está de braços dados com a educação dos jovens.
Quais as perspectivas em relação à Mercoagro, uma das maiores expo-feiras da indústria de processamento da carne, no Mundo, que volta a ser realizada neste ano?
Esse tempo de espera, ocasionado, primeiro, devido a pandemia e, depois, pelas obras no
parque da Efapi, deixou todos nós ansiosos pela realização dessa edição. Tudo está sendo
planejado e preparado com muito detalhismo. É o momento que mostramos a pujança de nossa
indústria metalmecânica que, por sua vez, surgiu em torno da força de nossas agroindústrias. Não é só, mas também pelos negócios que nela serão feitos. Uma das motivações é mostrar Chapecó
ao mundo. Pessoas de todos os lugares vem para cá fazer negócios, movimentar e conhecer
nossa cidade e região.
A nova administração federal que assumiu em janeiro sob a presidência de Lula promete dar andamento a um processo de reforma tributária neste ano. Quais as expectativas dos empresários em relação a essa promessa?
O mundo ideal é que haja redução dos impostos, entretanto, para isso, o Governo precisa
gastar menos, desperdiçar menos os recursos, reduzir a discrepância dos salários do setor público
etc. A nova administração tem falado constantemente na reforma tributária. Ainda não sabemos
qual seria a proposta, mas só o fato de reduzir o trabalho e as dúvidas que ocorrem devido à
loucura tributária brasileira, já é um passo importante para facilitar um pouco a vida do
empreendedor.
Quais outras reformas estruturantes que a ACIC espera do novo governo?
Reforma administrativa e privatizações. Sem a primeira, dificilmente veremos redução de
impostos. As discrepâncias dos salários do setor público com o privado, especialmente no alto
escalão, a redundância de funções, o excesso de pessoal são alguns dos pontos a serem
corrigidos para o governo gastar menos. Já as privatizações impedem o uso político das empresas
e funções, evitam que o governo utilize o dinheiro do contribuinte para cobrir rombos, além de
tornar as empresas e os serviços mais eficientes. Ocorrendo isso, poderemos ver menos peso dos
impostos sobre os ombros do cidadão.
As entidades empresariais estão reclamando da falta de clareza do novo
Governo Federal em relação às diretrizes de uma política macroeconômica.
Qual a preocupação da ACIC em relação a isso?
Responsabilidade, liderança, exemplo! Esperamos essas atitudes de qualquer líder. O
governo precisa se comprometer com o teto de gastos, dar segurança aos investidores e aos
empreendedores. Não dá para gastar mais que arrecada, mandar a conta para o contribuinte. A
inflação vem arrefecendo, se o governo for responsável com os seus gastos, a taxa Selic pode
começar o movimento de queda, facilitando aos empreendedores realizar investimentos,
ampliações, aumento de vagas e, consequente, redução do desemprego.
28/02 • 09h08