Carlos Klaus avalia participação empresarial nas eleições
Para estimular a classe empresarial e toda a comunidade a refletir e participar mais intensivamente do processo político-eleitoral, a Associação Comercial e Industrial de Chapecó (ACIC) lançou, neste ano, a campanha “Omitir-se não é uma opção”. A intenção é conscientizar o empresariado sobre a importância das eleições para o futuro do País.
Em razão de ações reivindicatórias da ACIC e de outras instituições, as históricas
deficiências em infraestrutura do grande oeste de Santa Catarina entraram na pauta de gestores
públicos, parlamentares, empresários e candidatos em geral não só em decorrência do processo
eleitoral, mas, também, pelo crescente nível de conscientização da população em geral.
Entre as ações da ACIC estão o Manifesto pelo Oeste, lançado em janeiro deste ano por
um representativo grupo de entidades empresariais, e a participação no Voz Única, da Federação
das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc). Ambos os documentos elencam as
principais prioridades para a região Oeste continuar se desenvolvendo.
A ACIC enfatiza a necessidade de todos acompanharem e fiscalizarem as ações dos gestores públicos. Nesta entrevista, o diretor de Relações Institucionais e Governamentais da ACIC, Carlos Roberto Klaus, fala sobre o assunto.
A ACIC lançou a campanha “Omitir-se não é uma opção” sobre as eleições deste ano.
Quais são os objetivos dessa campanha?
Num ano eleitoral como este que estamos vivendo, a omissão ou o desleixo do eleitor com
o seu voto pode significar a eleição de pessoas com objetivos desconectados do interesse do
eleitor.
Por que os empresários, de regra, são avessos ao envolvimento no processo político-eleitoral?
Precisamos avaliar, em primeiro lugar, que para o empresário ou o político eleger-se não é tarefa fácil. E, se eleito, muitas vezes o empresário enxerga um cargo diretivo, como se ele conseguisse fazer todas as coisas imagináveis, mas isso não acontece no setor público. Um prefeito não consegue fazer o que gostaria, faz o que é possível. O dia a dia do setor público e do setor privado é muito diferente. O empresário é racional, não sabe como lidar com essa nova sistemática de mandatário, isso faz toda a diferença.
Além da campanha, o que a ACIC pode fazer para estimular o empresariado a uma
participação mais ativa nas eleições deste ano?
Os empresários têm participado mais ativamente desta campanha política. Isso é um
processo de renovação natural, que muito cautelosamente vai acontecendo. Os empresários
precisam ser mais ativos e com maior participação nos partidos políticos.
Alguns aspectos tornam a campanha eleitoral deste ano um tanto atípica como, por
exemplo, essa forte polarização entre candidatos de esquerda e de direita. A que se deve
isso?
Acho natural termos partidos antagônicos na disputa eleitoral deste ano. Isso é
democrático.
Temos visto pouca discussão sobre propostas e planos de governo e muita guerra de
narrativas, com acusações recíprocas entre candidatos. Isso não empobrece o processo
político-eleitoral?
Infelizmente, sim. Vivemos um empobrecimento de propostas em todas as áreas. O ideal
seria poder escolher o candidato de acordo com o que ele imagina ser um Brasil do futuro.
A corrupção continua um tema fortemente presente na pauta dos debates. Quando a
sociedade vai se livrar dessa chaga?
Essa questão de corrupção está muito presente nos debates deste ano porque um dos
candidatos teve um passado recente incondizente com o cargo a que aspira. Com a renovação
dentro dos partidos políticos, com certeza deveremos ter pessoas e partidos que pensem mais no
Brasil e no seu povo.
A volta da inflação colocou os temas econômicos na lista de prioridades dos
candidatos. A situação da economia é um fato determinante na escolha dos candidatos
pelos eleitores?
O futuro da economia é de suma importância a todos os brasileiros. Se o país for bem
administrado economicamente, teremos mais empregos, rendas, infraestruturas etc... Caso
contrário, basta dar uma olhada em países vizinhos para entendermos a importância do modelo
econômico em nossas vidas.
A composição do parlamento (Assembleia Legislativa, Câmara dos Deputados e
Senado Federal) é igualmente importante para os destinos do País. Por que o eleitor
prioriza os candidatos ao Executivo?
Acho que isso se deve a forte tradição presidencialista da nossa República. O ditado é
certo, sem o senadores e deputados, um governo não governa. É de suma importância
prestarmos atenção na escolha dos candidatos ao Legislativo.
Por que, em sua opinião, as reformas estruturantes (tributária, administrativa,
política) – tão necessárias ao futuro do País – não estão na pauta da maioria dos
candidatos?
Não é de hoje que precisamos as reformas citadas. Acho que os candidatos não têm muito
interesse nesses quesitos. Talvez a culpa não seja somente deles... Câmara e Senado não fazem
a sua parte. Nossas legislações são arcaicas, ultrapassadas. Com as reformas, teríamos um
destravamento e atualização tributária, administrativa e política.
O que a ACIC espera efetivamente das eleições e dos candidatos eleitos em 2022?
Que tenhamos um pleito limpo e transparente, que transcorra dentro da mais absoluta
normalidade, atrelado aos anseios da nossa sociedade. E que os eleitos cumpram com os
compromissos de campanha.
19/10 • 08h39